sábado, 27 de outubro de 2007

Pornografia em Portugal

Educação sem escolas, partos em ambulâncias, polícia nas delegações sindicais, tratados europeus à rebelia do povo...
É caso para dizer "querer é poder", para este José Fócrates.

Mais Pão com Manteiga !

Pão com Manteiga, o genial programa da Rádio Comercial dos anos 1980, vê agora os seus textos reeditados pela Oficina do Livro. Já aqui o dissemos, este momento ímpar do humor português é uma grande referência para o Sapo e a Parafusa: se não tivesse havido o Pão com Manteiga este blog não existia (os autores ainda estão todos vivos, para o caso de querem ajustar contas com eles). Nomes: Carlos Cruz, José Duarte, Mário Zambujal, Orlando Neves, Bernardo Brito e Cunha e Eduarda Ferreira. Acho que vivem em Lisboa.
Vão agora poder saber, entre muitas outras histórias, a do velhinho que era tão velhinho mas tãããããõ velhinho, que a última que tinha dado ainda se escrevia com ‘ph’.

acima: capas da ed. original e reedição


quarta-feira, 24 de outubro de 2007

A TVI e os elefantes em telhado de zinco quente

A probabilidade de encontrar uma notícia no noticiário da TVI é basicamente a mesma que encontrar uma agulha num palheiro. Ou ver um elefante no espaço - como aqui ao lado, atrás desta pedra. É sempre isto e aquilo e o galo que bateu com a cabeça, entrou em sentido contrário e cantou toda a noite numa aldeia do Ribatejo. Ou o novo namorado do namorado da Elsa Raposo ou da outra que quase se divorciou mas que afinal.
Também têm, verdade seja dita, perspectivas muito particulares sobre coisas importantes, é certo. Como a opinião do Miguel Sousa Tavares sobre fumadores ou sobre o Pinto da Costa, e de que isto é só corruptos para aqui e para ali e nós é que pagamos as favas, mesmo sabendo que não é ele que as paga. E assim o Miguel dá uns ares, apesar daquela voz que as quatro mil substâncias do fumo dos seus cigarros entretanto carbonizaram. E que o fazem produzir um ronco tão grave que dava jeito que lhe distorcessem a voz, tornando-a mais aguda, como fazem sempre que entrevistam uma das testemunhas do processo Casa Pia que ainda não foi ameaçada de retaliações vezes suficientes para se passar rapidamente da acusação para a defesa ou para o Gaiato.
Mas isto vinha apenas a propósito da TVI e das suas notícias. É demais o não-conteúdo e a profundidade rala daqueles fragmentos de reportagem, como diria o já saudoso Raul-na-sequência-deste-pequeno-apontamento-noticioso-Durão. Vou propor, se alguém no conselho de gerência daquela casa quiser ouvir – nunca ninguém quer, não sei porquê – que levem para lá a Fátima Campos Ferreira, depois de uma mudança radical de visual e uma viagem ácida. O conteúdo do cérebro é ideal para a função e ela até já tem aquele ar deslumbrado, susceptível de aumentar se alguém, durante as gravações, lhe meter um dedo num sítio indevido
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domingo, 21 de outubro de 2007

Dando um empurrãozinho à natalidade fazendo programas um bocadinho estúpidos

Cantando e dançando por um casamento de sonho... Epá, custou mas consegui lembrar-me do nome completo deste programa! Como disseram os Gato Fedorento, a TVI conseguiu juntar num mesmo nome dois gerúndios. É obra - e é sobretudo muito estúpido. Só mesmo a TVI. Pensando melhor, a RTP e também a SIC não teriam demorado muito.
Este programa bem poderá dar uma forcinha às políticas de incremento da natalidade em Portugal, coisa que os subsídios do governo ainda não conseguiram. Mas não tem muito que ver com o casamento. A coisa é bem mais simples e menos traumática. Quando o programa começa, uma parte considerável dos espectadores ainda capazes de pensar, como os leitores deste blog, desliga o televisor e vai direitinho para a cama. De preferência sem se lembrar da apresentadora Júlia Pinheiro.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Lá se foi o Flopes

João Miguel Tavares, jornalista bem-humorado e lúcido quanto baste (às vezes basta só mesmo um bocadinho e a realidade apresenta-se-nos de modo bem diferente) proporciona-nos de vez em quando uma preciosa lufada de ar fresco.
Há uma semana atrás, Santana Flopes saiu dos estúdios da SIC indignado por ser menos popular que José Mourinho. Ou não foi isto? Se fosse outra pessoa, doutro partido, noutro país, talvez eu acreditasse que era outra coisa qualquer. É verdade que, se neste país todos se comportassem de forma mais inteligente, talvez a SIC não tivesse dado tal bronca, talvez tivesse depois assumido o que fez, etc. Mas como escreve João Miguel Tavares, ver «Santana Lopes indignar-se por ter sido interrompido por um directo idiota faz tanto sentido quanto Cicciolina ruborescer ao ouvir um piropo na rua».
Isto é a pura das verdades e ainda temos direito a uma palavra lindíssima: «ruborescer».
Dispensam-se mais comentários, recomenda-se a lucidez do jornalista, rara num tempo em que escasseiam as diferenças entre jornalismo dito sério e tablóides, aqui como em toda a parte. É péssimo para o país, embora seja bom para este blog.
Termino com outra citação de JMT: «é sempre muito mais interessante ver Santana Lopes a sair de um estúdio de televisão do que a entrar nele».

Este blog é um ninho de cucos

Quando surge um comentário de um desconhecido neste blog, é como se me oferecessem flores. Foi mais uma vez o caso. Um senhor que leu um texto meu de há uns meses atrás (aquele em que conto o meu passeio em zonas do Metropolitano de Lisboa interditas ao público e em que há comprovadamente perigo de morte) resolveu comentá-lo. Disse também que sugeria uma visita ao blog onde anuncia os seus serviços. Esse senhor, a quem deito daqui um abraço, é... psicólogo clínico!
Não é que desconfie dos seus intentos, meu caro, mas a verdade é que, no tocante a psicoterapia, já estou bem servido. Resta-me suspirar de alívio por não ter nascido há setenta anos atrás: assim ao menos ainda posso esperar que não me dêem electrochoques ou me enfiem um colete-de-forças.
Talvez o meu irmão...?