sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Imagens que valem mil palavras

Infelizmente, cada vez mais os acordos de paz são firmados assim.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Mulher Bonita = Mulher Antipática ?

Prólogo inicial: Em alguns países do mundo, como Portugal, mulher bonita é sinónimo de mulher antipática.
Num determinado contexto, é tão certo recorrer a uma expressão quanto a outra. Como usar a palavra única ou exclusiva. Tanto faz.

Não sei se o leitor alguma vez reparou, mas existe qualquer coisa de diferente, na mulher portuguesa… aliás, existe uma prova quase irrefutável de que todas as mulheres bonitas portuguesas são antipáticas. Refiro-me pelo menos às mesmo, mesmo, muito bonitas e não àquelas, “assim, assim”. Bem sei do perigo que acarreto com esta generalização. Provavelmente, não me calhará mais nenhuma na rifa!
Mas se o caro leitor (vá… duas ou três pessoas que leiam este texto, excepto eu e o meu irmão) fizer uma prova de campo, estabelecerá logo como determinado este aspecto cientificamente comprovado, aliás de acordo com um estudo transversal sobre a mulher portuguesa, encomendado pelo Instituto de Psicologia Desaplicada.

A única comparação que posso estabelecer é com a mulher brasileira, por ter sido o Brasil o meu único lugar de residência fora de Portugal. Toda a mulher no Brasil foi abençoada à nascença pelo arquitecto da vida, parece que está sempre de bem com a vida, bem disposta para o mundo, irradia simpatia, é constantemente o reflexo do espelho em estado de espírito. Como que um sinal de agradecimento diário por ter nascido bonita. São as mulheres quase sempre mais acessíveis. E aliás, quem já passou uma bela temporada no Brasil sabe do que estou a falar.
No nosso país, dá-se precisamente o contrário. Parece que para ser bonita tem que primeiro cultivar a antipatia. Do género “somos de todo inacessíveis”. As mais feias que me desculpem (como diria Vinicius), mas vocês têm , pelo menos, a poderosa arma da simpatia.

Para ser bonita em Portugal, a mulher tem primeiro que ser snobe, antipática, carrancuda, autoritária, com pose, depois talvez consiga chegar ao restrito clube das bonitas. E eu que cresci a ouvir histórias em que a má da fita era quase sempre uma bruxa, velha, feia e antipática. Pelo contrário, a heroína era quase sempre como uma princesa, bonita, simpática e amiga de ajudar os mais desfavorecidos. Que estranho!

Que tristeza. Bem, mas voltando ao Brasil… Encaminhámos os bons genes todos para o Brasil, proporcionámos a mistura de raças e “cadê” os louros da ousada proposta sócio-cultural, por menos de 800 euros (por uns diazinhos de férias)?

Por: Tiago Pereira da Silva

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Contextos

A outros povos poderá ser deveras estranho que nós, portugueses, nos tenhamos familiarizado tanto, por exemplo, com a comédia britânica e ainda mantenhamos, pelo menos muitos de nós, complexos de rir «em português», das coisas simples da vida em Portugal.
Há pelo menos duas questões que aqui se põem (talvez haja mais e não me apeteça pensar agora em mais nenhuma): o preconceito, aquilo a que Pessoa chamou o «provincianismo português» (e isto é apenas parte dele segundo o poeta), que popularmente corresponde ao «lá fora é que é bom». Ou, «toda a gente adora essa coisa, eu também adoro», disse um senhor, talvez num cantão rural, sobre o tratado de Maastricht.
A outra questão é, obviamente, o contexto: Yes Minister é genial, sem dúvida. Que saudades tenho do imortal Nigel Hawthorne e do ministro paspalhão interpretado por Paul Eddington, que parecia sempre parvo demais – até nos lembramos dos exemplos reais.
Mas, assumamos o assunto de uma vez por todas, aquilo não é fácil. O inglês é, no mínimo, sofisticado, distante do «fuck you asshole» de Schwarznegger; e as piadas não são tão universais quanto podem parecer. Uma compreensão básica das instituições políticas britânicas leva-nos a perceber doutro modo.
Connosco, com as produções portuguesas, passa-se o mesmo: O Tal Canal é (re)visto ainda hoje por pessoas da minha geração, por pessoas muito mais velhas e por adolescentes que se espantam com o tempo em Herman José era genial e francamente inovador (o programa é ciclicamente revisto até ao enfado, mas isso são outros quinhentos). Mas tirem-no do seu contexto cultural e aquilo perde-se. Não vale a pena falar das piadas a respeito de coisas que se perderam no tempo. A questão de fundo é o contexto do humor, o seu tempo.
«For everything there is a season», cantavam os Birds, um original do influente Pete Seeger.
Também no que ao humor diz respeito, não me parece que haja receitas universais que durem sempre. Tudo depende de um contexto.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

A sabedoria de Douglas Adams

«Não é coincidência o facto de em nenhuma língua conhecida existir a expressão "tão bonito(a) como um aeroporto"», disse Douglas Adams (1952-2001).
Este é um bom argumento para não se construir mais nenhum. E não vem de um qualquer, não senhor. Vem do grande Douglas Adams, autor de The Hitchiker's Guide to the Galaxy, senhor de grande reputação por saber coisas como esta:
«Aquele que é capaz de fazer com que os outros o elejam presidente da república devia ser proibido de exercer a profissão.»

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Abbey Road

Cada vez há mais pessoas que duvidam da minha sanidade mental. Perguntaram-me, no rescaldo duma viagem a terras de sua anacrónica e bolorenta majestade: o que gostaste mais em Londres? A Torre de Londres? O Museu Britânico? Foste ao Palácio de Buckingham ? Etc… Lamento, não, não e não…
O que eu gostei mais em Londres foi de atravessar a rua. Isso mesmo. Mas não foi uma rua qualquer. Foi na mais famosa de todas as passadeiras, ou ‘zebra’, como lhe chamam em Inglaterra. Foi esta que, em 1969, os Beatles atravessaram, aparecendo assim na capa do álbum Abbey Road.
Nem pensamos que este gesto tão vulgar de Lineu pode revelar-se difícil, para quatro tipos que, na época, eram quase tão populares como Cristo (será que me vai acontecer alguma?) Não os imagino a fazer isto em pleno auge da beatlemania, em 1965-66, numa rua de maior movimento.
Esta capa é mítica, como o álbum, discutivelmente o melhor do grupo e um monumento ímpar da música anglo-saxónica. Os rapazes até já estavam cada um para seu lado e com pouco desejo de novas colaborações. Mas terá havido (mais) alguém disposto a alienar parte do património musical do grupo (e da humanidade!), o que os levou a tribunal. Estavam assim bastante unidos em meados de 1969. Tirando partido disso mesmo, McCartney juntou o pessoal outra vez e o disco estava pronto ao fim de 4 dias! O resultado é primoroso e o verdadeiro canto de cisne da banda.

Ora, parece que o rapaz Paul, em 1966, caiu de mota e partiu um dente. Eu, em Londres, parti 2 (dois)! Juro! E não cai de mota!
Nos Estados Unidos (tinha que ser, digo eu) muita gente convenceu outra tanta gente de que o homem tinha morrido e os restantes Beatles tinham arranjado aquilo a que os brasileiros chamam um «sósia». Não estou a brincar. As provas, disseram os autores desta história genial, estavam em todo o lado, era só preciso saber ver, ouvir e interpretar. Nesta capa, por exemplo: Paul, ou qualquer outro gajo muito parecido e igualmente talentoso, tem o cigarro na mão direita, quando na verdade este beatle é canhoto (eu pensava que era para se ver na fotografia); está com o passo trocado relativamente aos outros Beatles (!); está descalço, o que simboliza neste caso a morte, numa cultura qualquer de que não me lembro agora; Lennon, à frente do grupo, veste branco, como um padre (como costuma dizer o meu irmão, nossa!); e finalmente: o Volkswagen “carocha” branco, do nosso lado esquerdo, cuja matrícula comprova: 28if, ou seja, 28 anos de idade teria o rapaz se estivesse vivo! Escusado será dizer que ninguém ligado ao grupo fez o que quer que fosse para desmentir o boato. E as vendas de discos até subiram bastante durante algum tempo.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Psicose colectiva nos aeroportos

Tudo o que é demais sabe mal. Que o terrorismo não é, sequer, uma das 10 maiores ameaças à democracia contemporânea parece-me por demais evidente, mas não é matéria para este blogue dedicado à palhaçada pura. Vejam por exemplo os escritos de um John Pilger, a este respeito. Ou então não vejam nada e deixem-se estar muito sossegadinhos sem incomodar ninguém. Pode ser que um dia destes vos arrombem a porta em nome da vossa própria segurança.
No que toca às viagens de avião, é a histeria. Não falta muito para nos proibirem de viajar, por exemplo, com dentes chumbados; podemos usá-los para fabricar explosivos ou mesmo armas de destruição massiva.
Sentem-se mais seguros que há dez anos atrás? Eu cá não.
No aeroporto de Luton, disse-me uma funcionária de resto bastante simpática: «Just a handful of security questions, sir: has anyone put anything in your bag without you noticing it?» Não é que não tenha percebido a intenção da pergunta e o perigo iminente de alguém o fazer sempre que viramos costas, mas a verdade é que me apeteceu responder: «Just a single common sense question for you, m’am: has anyone ever put anything up your ass without you noticing it?
»

Boa ideia, RAP!

Por: Tiago Pereira da Silva

É engraçado que nas poucas entrevistas que Ricardo Araújo Pereira (o famoso RAP) deu para a TV, entusiasmou-me bastante saber, e é um aspecto transversal a todas que vi, que os Gatos recorrem muito à observação do quotidiano português, o comportamento de diversas pessoas em sítios públicos (Rua, Centros Comerciais, Estádios de Futebol, etc.), como fonte de inspiração para a construção humorística de determinados sketchs.

Se pensarmos quatro vezes, faz todo o sentido… ou buarquicamente falando, palavra que acabei de inventar, que portanto não existe, agindo duas vezes antes de pensar. Não precisamos ser exímios observadores, para encontrar aqui e acolá, momentos verdadeiramente cómicos nas situações mais banais do nosso cotidiano. Apeteceu-me recorrer à minha variedade dialectal do Brasil. Mas ia eu onde…? A lado nenhum…
Existem, em diversas ocasiões, as condições necessárias para submeter determinadas “pessoas-alvo” ao indisfarçável olhar da comédia. Agora, é claro que é preciso muita atenção para não nos tornarmos nós num “alvo” fácil dos sapatos dessas pessoas, bem como pedras da calçada, pastilhas e todas essas coisas que poderão ser extremamente desagradáveis.

Posso dizer que neste último mês e 14 dias (não me apeteceu dizer mês e ½), fui um felizardo, consegui testemunhar inúmeras situações absolutamente fundamentais para aumentar a minha já muito desenvolvida inteligência emocional (IE para os amigos). Bom lá estou eu com estas cenas… se calhar não foram inúmeras, mas para aí uma ou duas. Então passo a citar,
1ª Situação: imaginem-se com os Head-phones nos ouvidos, no meio de uma fila de autocarro qualquer. A páginas tantas, a conversa de duas senhoras começa a impedir a audição do meu Emanuel ou qualquer outra coisa de qualidade (tipo Michael Carreira), a vaguear pelo meu MP3, tal não é o volume a que elas recorreram. Eis senão quando, oiço da voz de uma das delas, com uma certeza cartesiana, a seguinte afirmação: “Epá ouve lá! Estamos quase na época da gripe das aves”. Ao que a outra responde: “Pois é, ainda não tinha pensado nisso, vamos lá ver como as coisas correm este ano!”. É quando a outra remata, com um certo brilhantismo, devo reconhecer: - “Epá o planeta está todo avariado… é só gripes disto e daquilo, e depois há essa coisa da GRIPE DAS AVIÁTICAS”. Bom, minha senhora, vamos lá ver se nos entendemos. Não sei se queria dizer Gripe das Aves, ou Gripes Asiáticas, ou até mesmo, Aviárias de Aviário, ou se descobriu uma estirpe nova tipo H5N16 parvoíces.

2ª Situação: Vinha eu do Colombo, depois de assistir ao pior filme do mundo… Disse Colombo? Exacto…bom, don´t ask! Quando paro o carro no semáforo em plena estrada da luz, com a feira do relógio do meu lado esquerdo, logo no sentido de Sete-rios. Apesar de ter resistido, por uns longos dois ou três segundos, não aguentei mais e tive que abrir o vidro do lugar do morto, para ver e ouvir a tamanha energia (ou antes berraria) do carro que estava estacionado mesmo do meu lado direito. Foi então que tive um encontro imediato de primeiro grau… um casal a discutir e ouvia-se, e bem, a rapariga ao volante dizer: “Epá ó Jorge eu ainda não acredito que viemos à Feira e não comemos uma fartura”

Atenção meninos, posso assegurar-vos que isto não é comédia e também não tem piada nenhuma. Pois a discussão estava acesa e parecia capaz de vencer a relação. Isto é, a seguir a algumas frases de algumas letras do José Cid, parafraseando os Gatos, o comentário mais estúpido do universo. Disse.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Caetano Veloso no discurso de José Sócrates

Faço, neste texto, a minha última (quem sabe penúltima) incursão pelo universo José Sócrates. Até parece que só escrevo sobre o homem! Ou que tenho uma qualquer embirração com o sujeito! Claro que não...

Não sei se já repararam, mas é habitual o recurso, por parte do nosso querido Primeiro ministro, à expressão "Da maior importância". Para mim ficou clarissimo, que também José Sócrates é um incondicional fã do álbum Qualquer Coisa de Caetano Veloso, de 1974; ou será 1975? Pois é exactamente nesse disco que encontramos a pérola "Da maior importância". Vão me perdoar, por necessidade de economizar espaço, vou, neste post, retirar apenas os versos que têm mais que ver com o nosso caro Joselito.

"Era um movimento que aí você não pode mais
Gostar de mim, direito" - não sei porquê?

"Vai ser um erro, uma palavra, a palavra errada
Nada, nada, basta quase nada" - E porque é que me soa tão familiar ?

"Porque eu sou tímido e teve um negócio
De você perguntar o meu signo quando não havia signo nenhum" - Aqui poderíamos substituir perfeitamente a palavra signo, pela palavra verdade, alterando para:
"De você perguntar-me a verdade, quando não havia verdade nenhuma"

"Ficou um papo de otário" - Ora aí estamos mesmo mesmo de acordo!
"É tão difícil, tão simples, é tão difícil, tão fácil" - Pois creio até que impossível, para ti.
"De repente ser uma coisa tão grande da maior importância
Deve haver uma transa qualquer pra você, e pra mim"

"Não sou eu quem vai lhe dizer que fique
Mas você não teve pique, não sou eu quem vai
Lhe dizer que fique..." - Pois nem eu, nem nenhum português, no seu perfeito juízo.


Retirado da letra "Da Maior Importância" de:Caetano Veloso

Por: Tiago Pereira da Silva