sexta-feira, 29 de junho de 2007

Elogios

Li numa rubrica do Yahoo um texto intitulado, em tradução livre para português, «10 elogios capazes de extasiar um homem.»
Não me atrapalha reconhecer abertamente a minha confrangedora ingenuidade: achei que para nos extasiar seriam precisas coisas minimamente elaboradas.
Isto não são frases sequer, é linguagem sonora não verbal, v.g., grunhidos, ou qualquer outra coisa. «Mas quem será que escreve isto?», pensei.
Trata-se com toda a certeza de uma feminista histriónica, disfarçada com nome e fotografia de um gajo que personifica a estupidez. Todos os supostos elogios têm um único e claro objectivo: a troca mercantilista/capitalista mais inescrupulosa. Mimos maricas por trabalhos forçados. Veja por si próprio. Aviso: só me apeteceu traduzir nove.

1. “Os teus estão braços estão a ficar maiores” – É dos exemplos mais elaborados. O elogio à suposta virilidade como potenciador da auto-estima e bom humor para conseguir que tomemos de bom grado em mãos uma tarefa pesada, por exemplo arrastar novamente o pesadíssimo móvel que está na sala outra vez para o corredor, donde nunca deveria ter saído.

2. “Ah ah ah ah ah ah ah ah” – é o que estão a pensar, uma gargalhada, como resposta às nossas piadas. Estamos no segundo “elogio” e começa já a observar-se um padrão de irracionalidade. Como se fossemos cães, a quem se diz “good booooooy”.

3. “Uau” – Não difere muito de língua para língua. Os ursos e outros animais podem fazê-lo também. Vira o disco e toca o mesmo.

4. “Os miúdos adoram-te” – Representa um dos mais baixos golpes sentimentais, como forma de apelar a uma maior participação masculina na educação das crianças. Deve responder que, se é adorado pelos seus filhos, é porque fez por isso.

5. “O que é que achas disto?” – A mesma coisa, fingindo interesse pelas suas opiniões em assuntos onde normalmente você não é tido nem achado.

6. “Que pés tão giros” – Confesso que isto ultrapassa a minha capacidade de compreensão. Será, com toda a probabilidade, uma tentativa de nos distrair com objectivos obscuros.

7. “Miaaau” - Há uns anos atrás muitos homens comentaram o “miau” da Michel Pfeiffer no filme Batman II. Sempre é melhor que rosnar ou latir.

8. “É pá, impressionante” – Mais do mesmo.

9. “Desejo-te” – Se for sincero é sempre bem-vindo. Que bom seria se tivéssemos começado assim…

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Ainda a propósito de Joe Petardo

Ouvi esta manhã, entre duas estações de metro, chamar toda a espécie de nomes feios a este “ugly man Joe” (houve tempo para ouvir nomes em espanhol). Julgo que pode até ser um saudável exercício de catarse. Em todo o caso, não é isto que me parece tão particularmente, tão doentiamente português. Embora também eu ache que com tanto “botabaixismo” gratuito que por aí há não podemos esperar evoluir.
O que me parece verdadeiramente bizarro e patológico entre nós é uma outra atitude, como ouvi a um fulano que se me dirigiu com a lengalenga costumeira: «aquele tem a mania que é esperto, coitado, não deve ter dinheiro para mandar cantar um cego, tomara ele não sei o quê, e tal e coisa…»
É isto de julgar que fulano ou sicrano é o maior porque conseguiu ter um sucesso excepcional no mundo dos grandes negócios e especulação financeira. Podemos estar a falar do maior burgesso – e agora não falo do aspecto mas do que já ouvi dizer a Berardo em tão curto espaço de tempo desde que lhe dedicam extensos minutos de cada telejornal. Insultos e difamação injustificada, comentários abstrusos sobre o que deve ou não fazer-se sobre isto ou aquilo…
(Já agora, reparem no punho direito cerrado da Senhora Ministra Espantalho... como diz o povo, só se perdem as que caem ao chão.)

Joe Berardo usa “telefone-lagosta” de Salvador Dali para falar para os Estados Unidos

O milionário foi, ele próprio, objecto de uma confusão com os seus seguranças, à entrada da exposição ontem inaugurada no CCB, quando os jornalistas abordaram um homem de aspecto sinistro com algumas perguntas. Também este parecia um troglodita autêntico à solta, grunhindo quando tentava falar português. O equívoco foi finalmente esclarecido quando o chamaram pelo nome.
No começo da cerimónia de abertura da exposição, Berardo foi mesmo surpreendido tentando utilizar uma peça semelhante ao célebre “telefone-lagosta” de Dali. Um dos guias da exposição, atónito, apressou-se a esclarecer o dono da mais mediática exposição de arte contemporânea do momento no nosso país, mas foi severamente repreendido em inglês com uma impetuosa torrente de impropérios que nos poderia fazer pensar estarmos no Texas: “blow it up your a** mother-fu***

Petisco

Fui esta semana à Livraria Letra Livre, ali à Calçada do Combro, que recomendo vivamente. Trouxe de lá um exemplar do fantástico Pão com Manteiga, selecção de textos do programa da Rádio Comercial.
Saberão as novas gerações o que foi o Pão com Manteiga? Não. É terrível, mas sinceramente penso que está condenado ao mesmo esquecimento votado a alguns dos maiores produtos do humorismo português do último século que não passam pela televisão. Por alguma razão não se recuperam muitos destes tesouros, a não ser quando são deprimentes.
Por isso eu digo: Viva a Rádio, os bons jornais e seus suplementos humorísticos. A propósito, as boas bibliotecas estão cheias deles. Passem por lá os olhos, no intervalo das vossas pesquisas a tanta literatura cinzenta.

Abaixo a literatura cinzenta, vivam os suplementos humorísticos!

O homem com o nariz em arco

[uma piada à Malucos do Riso, para acabar de vez com as avolumadas audiências deste blog]

Muito infeliz e amargurado vivia o senhor Recurvado Redondo, cujo nariz descrevia um arco, não como o da Rua Augusta, por exemplo, mas que pendia para a esquerda. Não era um problema congénito. Nem ninguém lhe tinha batido, como parecia, aplicando-lhe um gancho da direita. Nem usava o Sr. Redondo o seu recurvado nariz para velejar ou jogar ténis-de-mesa. Numa palavra, tinha ficado com a cana do nariz curvada devido ao modo como dormia.
Quando finalmente conseguiu encontrar um reputado especialista minhoto que se dispôs tratá-lo, ouviu-o dizer:
- Sr. Redondo, estou muito satisfeito por poder anunciar-lhe a solução do seu caso. Sabe que isto é algo que não poderia acontecer até há bem pouco tempo? Nem sequer na Idade Média?
- Não, não sabia. Mas terei muito gosto em que mo diga. Sabe Doutor, há muitos anos que espero por este momento. Tenho 78 anos e economizei uma vida de trabalho para poder vir cá.
- Pois bem, eis a solução: terá que passar, a partir de hoje, a dormir voltado para o outro lado.
- Fantástico! Ahhh. Como diria o nosso Eça, não há quem não aprecie as maravilhas deste século!
- É mesmo. Eça não era um especialista em cirurgia reconstrutiva, mas revolucionou profundamente a medicina da segunda metade do século XX, e também doutros, mais recuados. Mais lhe digo que, assim dormindo todos os dias e todas as noites, dentro de cerca de cinco anos, o ângulo de curvatura do seu nariz poderá ter diminuído cerca de 5º.

Foi demasiada emoção para o Sr. Redondo, que caiu direito.


terça-feira, 26 de junho de 2007

Curtas de Verão I (e tão secas que vos farão desidratar)

Saíram de casa com o fogo no rabo. Na verdade não era bem no rabo. Aquelas eram as primeiras férias que passavam sozinhos desde o nascimento dos três primeiros filhos, três gémeos.
Ela relembrou, enquanto apertava o cinto de segurança: «a pensão tem um toldo vermelho. Vi na fotografia do site do turismo da vila.» Entreolharam-se pesando ambos na sensualidade única da cor vermelha. Entreolharam-se entre duas mudanças, ao chegar à rotunda de Entrecampos, a caminho da Portela de Sacavém.
Aquela noite foi de luxúria indescritível. Julgaram ver renascer o seu amor entre os escombros das prestações do carro e da casa.
Mas, de manhã, ela sentiu ciúmes do olhar lascivo que ele dirigiu à recepcionista, o que o deixou furioso por ser verdade. Ficou tão zangado que pediu o dinheiro de volta. Motivos, disse, não faltavam. Toldo vermelho? Qual quê, estava desbotado e era agora de uma cor deprimente, meio alaranjada.

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Sexo e o sentido da vida

O Sapo aproximou a língua viscosa das insinuantes e sinuosas coxas da sua companheira. Em êxtase, elogiou também a finura da sua pele:
- O corpo feminino é a mais bela criação da Natureza. Tem que ser. Está na base do mecanismo evolutivo.
- A mais bela criação da natureza ou Deus?
– Interrogou sabiamente a Parafusa.
- Penso em Eisenberg e no Princípio da Incerteza. Isto... – beijava com um misto de delicadeza e furor as ancas redondas da Parafusa - Tudo isto não pode ser por acaso. Deus não joga aos dados com o universo.
Entraram juntos no silêncio sideral a que as galáxias do gozo estão confinadas.


[to RedCat -
todos os postes com o Sapo e a Parafusa animados são naturalmente inspirados no saudoso O Roque e a Amiga]

You have the right to play chess

O Sapo gostava de unir as pontas dos dedos como Sherlock Holmes e de estar sentado à lareira, a jogar xadrez com a sua amiga Parafusa. Gostava de exibir as membranas interdigitais que lhe permitiam nadar com destreza, embora não lhe permitissem segurar um cigarro. Também não fazia mal, o Sapo tinha horror ao tabaco. Lembrava-lhe os companheiros mortos em estúpidas brincadeiras de adolescentes.
- É você a jogar, cara amiga. Não desanime, a sua situação não está assim tão má. Estou a pensar em Spassky e na sua controversa teoria do meio jogo. Conhece Spassky? Um momento característico da guerra-fria, o embate com Fischer.
A Parafusa não conhecia nenhum Spassky num raio de 150 km. Tinha um primo ilustre com um nome parecido, que vivia na Califórnia e era um dos cerca de 3 000 000 de parafusos da não menos famosa Golden Gate Bridge. Hoje não estava com paciência para teorias do meio jogo, ou qualquer outra coisa relacionada com o xadrez. Mas, como o Sapo começasse a perder a paciência, jogou como sabia, aproximando-se do seu rei e torre.
- Rock’n’Roll!
- Mas o que está você a dizer?! Não pode fazer Roque depois de ter movido o seu rei na última jogada. Já nem sequer tem a torre!
- Mas ainda tenho esta aqui. Rock Sinfónico! Não, já sei: Mate ao Sheik!
- Mas isso é um rei! Não percebe nada!
- Isto é um jogo reaccionário. Eu gosto de jogos progressistas. As Damas, por exemplo.
- As damas o quê?
O Sapo distraiu-se por um momento com todo aquele ruído que perturbava a sua concentração.
- Os peões, por exemplo. Quase não têm direitos. É revoltante! Espere aí que eu já lhe digo. Vou passar cá um destes xeques ao seu Rei... Dito isto, avançou o bispo em L, o que fez o Sapo entrar em parafuso.
- Basta! Nós assim não podemos…
Mas era tarde para reflexões. O Sapo viu a Parafusa aproximar-se violentamente do tabuleiro e gritar «Xeque Remate!!!» e teve apenas tempo de perceber o que aquilo anunciava. De olhos mais esbugalhados que o costume viu o rei das brancas descrever um arco por cima da sua verde cabeça, e aterrar na lareira no fundo da sala. O Sapo nunca se aproximava demasiado do fogo, com medo de ressequir a sua pele.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Venham de lá esses ossos

Quando quiserem averiguar quão homem é um homem, apertem-lhe a mão. Só a mão, é um cumprimento, não uma agressão. Isto ainda é o melhor método, cientificamente comprovado, de aferir a qualidade da pessoa perante vós. Se ao apertar as mãos, não estalarem dois ou três dedos, não vale a pena insistir: esse homem até vos poderá pagar um café, quem sabe uma boa cerveja; não é no entanto uma amizade que valha a pena cultivar. Não será esse o companheiro de estrada capaz de vos pagar umas boas Amêijoas a Bulhão Pato num restaurante bem classificado.
Isto também é válido para as mulheres, mas de maneira mais suave. Aplica-se sobretudo à beijoquice no cumprimento. Vejam as ‘tias’ da linha de Cascais. Não dão beijinhos, dão só a cara, que de preferência nem encostam. Eu cá também não gosto de muita beijoquice, mas um cumprimento com beijos na face por uma pessoa de carácter é semelhante à boa maneira russa.

terça-feira, 19 de junho de 2007

Filho de peixe...

Até que enfim, um candidato da direita dá mostras de algum bom senso, de modo a merecer a credibilidade que apesar de tudo não tem. Gonçalo da Câmara Pereira, do PSRR (Partido dos Sem Rei nem Roque), defende que todas as crianças de Lisboa deviam ter um barco para aprenderem a valorizar a relação da cidade com o Tejo. Ora isto é muito importante. Espero que Câmara Pereira avance a curto prazo com as outras propostas que sabemos ter para apresentar, nomeadamente a possibilidade de cada um de nós adoptar um peixe do Tejo, enquanto existem (já lá vai o tempo em que poderíamos adoptar também um golfinho, já que eles parece não querem adoptar-nos). Na realidade, temos muito em comum com os peixes, como reconheceu o Presidente norte-americano George W. Bush, especialmente com os do Tejo, com o seu habitat poluído.

domingo, 17 de junho de 2007

O sexo e a menoridade

Por vezes, ao ler os comentários de certos vídeos no Youtube©, tenho a sensação de assistir em diferido a uma espécie de batalha campal com palavreado. Tem que se lhe diga. Há de tudo um pouco, desde mensagens ininteligíveis, seja em inglês ou português (coisas como: “lol, hahahaa omg xx<>, etc.) até insultos em línguas estrangeiras.
Também não falta engenho e sabedoria, nos assuntos mais díspares, desde como atirar-se em voo picado para cima de um cacto gigante sem ficar com picos em várias partes do corpo, até à melhor forma de comer bolo de laranja debaixo de água sem engolir nenhum pirolito.
Estava a ver uma paródia um pouco desengraçada à série Sexo na cidade, chamado Sluts and the City (lit., Putas na Cidade: é a minha estreia nos palavrões por extenso neste blog, mas neste caso não faria sentido ocultar). Aconteceu que algum púbere cachopo norte-americano (12, 13, 14 anos?), talvez sozinho em casa, acedendo à Internet através de um wireless de ultimo grito, com uma placa gráfica G-Force para ver rabos em três dimensões a sair do monitor, disse que detestava Sexo na Cidade, comentou que ver aquelas mulheres, que tinham a idade das "nossas" mães, a falar de e a fazer sexo lhe tirava todo o apetite sexual. A que se seguiu, entre outras, esta resposta exaltada de uma moçoila, que aqui adapto livremente: «Ouve lá, ó meu w/@#*7: 1) nem todos somos menores de 15 anos, 2) os adolescentes não constituem a maioria da audiências da série, e 3) mulheres que têm entre 30 e 40 anos não são velhas, e 4) DAHHH, muitas das mulheres com esta idade têm relações sexuais com muito mais homens que a tua mãe alguma vez teve e divertem-se muito mais do que ela alguma vez se divertiu antes e depois de tu nasceres. Cresce e aparece!»

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Os números do nosso contentamento


Se vos causamos inveja, façam como nós... trabalhem!

fonte (gratuita): http://www.sitemeter.com/

segunda-feira, 11 de junho de 2007

O problema derivado da questão

Não se distraiam, rapazes. A rapariga (Jenna Bush, filha de George W. Bush) pode ser prendada, mas é o pai quem anda a ₤ћ∑#Í&f isto tudo!







A centrifugação no processo alimentício

O sapo e a parafusa olharam-se durante um interminável segundo. Foi isto exactamente antes do sapo bater com a cabeça no batente da porta da sala de estar, mesmo onde a luz do candeeiro da cozinha incide, para quem vem da casa de banho. «Mas foi um salto de fazer inveja à maioria dos batráquios», sublinhou, para si próprio.
De resto estes segundos eram cada vez mais breves desde que chegara o Verão. A parafusa sabia que se o sapo a olhasse mais que um segundo se aperceberia rapidamente de que ela estava muito mais gorda. Começava inclusivamente a ganhar estrias. Mais estrias que um parafuso na linha. Estava a parecer-se demasiado com um torniquete e o sapo não havia de gostar. Para isso tinha casado com um qualquer batráquio fêmea. Ela que arranjasse companhia na caixa de ferramentas.
Olhou-se ao espelho, demoradamente. Sofridamente. Pensou: «tenho que caber toda neste espelho, a dois passos, até à abertura da época balnear». Depois concluiu que se passavam semanas, às vezes dias, sem que pedalasse um metro na sua bicicleta. Não era uma bicicleta normal, era um daqueles objectos deprimentes em que, por mais que se pedale, nunca se vai a lado nenhum, não sei se sabem quais são. Olhou-a demoradamente. Chorosamente. Finalmente, com a cabeça ainda quente da pancada no batente, o sapo disse:
«Lamento minha cara, mas esse olhar não a vai fazer perder um só grama…»

Estórias da cachorrinha

«Em Dezembro, às seis, é noite serrada».
Assim começava um belo texto no meu livro Sinais, do 8º ano. Nunca mais o vi, creio que o deitaram fora para arejar a casa, o que é uma pena, porque não me lembro de mais nada para além da última frase, que é pouco mais ou menos: «em castigo de a ter deixado, nunca mais os seus olhos veriam a linda terra de Portugal». Naturalmente estareis a pensar «um belo texto?», ou talvez vos comprazeis a imaginar o meio da história. Não é difícil. O protagonista em principio fica cego, parece que por ter emigrado desta para melhor. Ah, e tinha uma cadela, pequena. Talvez uma fox terrier.

A cada louco as suas manias

Que estupidagem. Que parvoez. Sonhei que alguém, de noite, trocava as palvárras todas e nós que nos desamanhássmos. Não conseguia senão usar maia dúzia de volácobos que pernameciam italneráveis. Que horror. De manhã acordei todo transripado. Espirro que a ninguém nunca lhes dê para tanto.

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Beatles trivia

Há já uns tempos que não relia uma das biografias dos Beatles que tenho, traduzida para português, ou melhor, brasileiro. Entre as ilustrações há um recorte de jornal com uma breve noticia sobre a condecoração dos quatro pela rainha com a MBE (Member of the British Empire). Já agora recorde-se que isso fez com que imensos veteranos de guerra devolvessem as suas medalhas, numa birra descomunal. Lennon diria depois que era melhor receber uma medalha por cantar e eventualmente proporcionar bons momentos às pessoas que por matá-las. A legenda da fotografia, de 1964, creio eu, diz «the queen was just like a mummy to us», que poderíamos traduzir por «a rainha foi como uma mãe para nós», sendo ‘mummy’, no caso, diminutivo de ‘mother’, como 'mum'. Tal não foi a opção do tradutor que assim atribuiu a Paul Mccartney a frase «A Rainha? Para nós parecia mais uma múmia». Talvez tenha pensado que esta afirmação tinha alguma coisa que ver com o facto (verídico) dos Beatles terem fumado marijuana no Palácio de Buckingham?
Espero que a este tradutor ninguém o encarregue de traduzir a constituição de algum país, ou mesmo um qualquer testamento.

terça-feira, 5 de junho de 2007

Atenção, curvas no tabuleiro

«The profuse phallic symbolism of chess provides some fantasy gratification of the homosexual wish, particularly the desire for mutual masturbation»
Reuben Fine, 1914-1993

That isn’t so fine, o Fine. Não faço ideia de quem sejas, ó meu, mas não será um jogo, por vezes, apenas um jogo?


Cornelis de Man, Os Jogadores de Xadrez, ca. 1670 - Museu das Belas Artes de Budapeste


Eu estou pouco habituado a comentar qualquer forma de arte, mas sempre vos digo, de forma puramente tosca que esta tela é giríssima. Deixem-me dizer assim em vez de “há vários motivos a chamar simultaneamente a nossa atenção, etc.”
Observemos: o lugar central na composição pertence ao homem, como convém. Mas este parece tomado de sobressalto. O que se poderá passar, que até a atenção do gato merece? O artista surpreende (connosco) a mulher ensaiando uma jogada que parece provocar o tal sobressalto do marido, se é o marido. Porquê? Desobediência às regras? Ou estará ela a levar a melhor? Hipótese demasiado ousada?
Vejam a diferença da indumentária. O traje destaca-lhe a nobreza a ele, enquanto ela está a modos que caseira. Será mesmo a mulher dele? Ou estará a ensinar a criada?

Parece incrível mas tudo isto vem apenas a propósito do tremendo sucesso que algumas xadrezistas têm feito, muito para além do tabuleiro. Elas andem aí, como diz o outro. E estão no topo sem deixar de dedicar atenção à moda ou à politica, cada vez mais contrariando simultâneamente a tradicional hegemonia masculina na modalidade, e a ideia feita de que o xadrez ao mais alto nível é para génios que não fazem qualquer coisa que não seja intelectual. Façam aí uma pesquisa e vejam como elas cuidam das curvas. Cuidemos nós das nossas, que os tempos mudaram mesmo.

Hey Val, Wazzup?

George W. Bush resolveu sossegar Vladimir Putin quanto à sua intenção de colocar mísseis no territórios de algum dos seus animais de estimação (países aliados) próximos da fronteira com a Rússia. Nesse discurso, Bush disse (têm que imaginar a voz de xerife do Texas) “and my message will be, Vladimir - I call him Vladimir - that you shouldn’t fear a missile defense system.”
Excuse me? I call him Vladimir? Hmmm... Ele há manobras diplomáticas que escapam à minha compreensão. Se ele tivesse sentido de humor (mas para isso teria que ser minimamente inteligente) diria que era uma boa piada, embora talvez deslocada.
Se me puderem ajudar aqui, digam de vossa justiça.

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Bond, James

Quem não era mau tipo nisto do nonsense era o próprio Bond. James Bond. Esse mesmo. Mas não pensem em Roger Moore. Um homem de barba rija só atura o Bond se for o Sean Connery (e se não tiver mesmo mais nada que fazer). Vejam esta. Deixa ver se me lembro... Pronto, cá vai.

[Os Diamantes são Eternos]
Faz-se passar por outro, que acaba de perder o irmão. Está num carro com três mânfios da pior espécie. Tenta distraí-los e perder tempo.

Bond – Éramos inseparáveis. Estou desolado.
Mânfio I – Senhor Bond, por favor…
Mânfio II – Eu também tenho um irmão! (os outros suspiram)
Bond – O mundo é pequeno…

Silly season

- Ouve lá ó aranhiço, onde é que passas as tuas férias este ano?
- Ainda não sei bem, talvez no Allgarve...
- Portugal? Vais ter muito trabalho. Há ladroagem em todo o lado!
- Sim, mas os maiores ladrões foram democraticamente eleitos e nós não temos nada que intervir.
- OK, sendo assim...

Contra melgas e camelos

Perguntei a um amigo, em sua casa, na margem sul, se tinha muitos problemas com melgas. Resposta pronta: por aqui não temos melgas, só camelos.



[na foto, numa conferência de imprensa em Espanha, o camelo disfarçado de ministro]

domingo, 3 de junho de 2007

The Unfinished Song

por Tiago Pereira da Silva

It's been a long, long time now
and now it's even longer
Since someone started a song with
Once upon a time
Like Dylan or
Dire Straits
It's not going to be this one

also.




[sobre a origem das 'nonsense songs', penetrem aqui]

O sapo e a dietética

A propósito de alimento, dietas e do post do Tiago e das suas amigas (por acaso bem bo... simpáticas), deixo aqui uma sugestão para emagrecimento imediato. Este não falha. Deixem lá os comprimidos e elixires e poções e cogumelos milagrosos que vos põem a cabeça a andar à roda, não ajudam nada a equilibrar o orçamento familiar e sobretudo não substituem o exercício físico regrado.
Vêem a foto? Com atenção, quero dizer, vêem o poderoso suplemento vitamínico que contém? Está cientificamente comprovado, se comerem muitos daqueles, ficam magras que nem um espeto. Também podem ficar com a pele fria e cinzenta, mas são efeitos secundários que não se podem evitar. Não há bela sem senão.

Comissão de angariação de "homens" para grandes amigas....

Por: Tiago Pereira da Silva

Olá carissimos não-leitores deste blog. Ok... vá! Olá André, já que, infelizmente, tens que ler o que escreves.
Com estas coisas da internet e sua proliferação, não sei porque é que não me lembrei disto antes. Casar todas as minha amigas que, quando chega esta altura do ano, estão claramente insuportáveis.

Facto: é importante referir desde já que não sou gay, pelo menos para aqueles que pesaram: «Como é que este toni não co... cada uma delas... se fosse comigo!» Pois. Até devo assegurar, com muita convicção, que nasci só com um defeito de fabrico. Tenho uma tremenda alma feminina, que é certamente a melhor porção que trago em mim agora - como diria o Gilberto Gil ao Caetano Veloso, mas acontece que esta é profundamente lésbica. Não há nada a fazer mesmo, é como uma urticária solar crónica, é visível da última alforreca da praia.
Estou a brincar muito com a palavra visível, mas isso agora não interessa nada.
Bom, sem mais demoras, deixo aqui alguns espacinhos para vocês se inscreverem.
Ah... lembrem-se, qualquer uma das minhas amigas é gira e tal, e não me lembro de mais nenhuma caracteristica .. Ah claro, já me esquecia, não têm buço... se bem que é melhor confirmarem.


1º Candidato______________
2º Candidato______________
3º Candidato______________
4º Candidato______________
5º Candidato....mas quem é que disse que vão aparecer assim tantos?