quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Abbey Road

Cada vez há mais pessoas que duvidam da minha sanidade mental. Perguntaram-me, no rescaldo duma viagem a terras de sua anacrónica e bolorenta majestade: o que gostaste mais em Londres? A Torre de Londres? O Museu Britânico? Foste ao Palácio de Buckingham ? Etc… Lamento, não, não e não…
O que eu gostei mais em Londres foi de atravessar a rua. Isso mesmo. Mas não foi uma rua qualquer. Foi na mais famosa de todas as passadeiras, ou ‘zebra’, como lhe chamam em Inglaterra. Foi esta que, em 1969, os Beatles atravessaram, aparecendo assim na capa do álbum Abbey Road.
Nem pensamos que este gesto tão vulgar de Lineu pode revelar-se difícil, para quatro tipos que, na época, eram quase tão populares como Cristo (será que me vai acontecer alguma?) Não os imagino a fazer isto em pleno auge da beatlemania, em 1965-66, numa rua de maior movimento.
Esta capa é mítica, como o álbum, discutivelmente o melhor do grupo e um monumento ímpar da música anglo-saxónica. Os rapazes até já estavam cada um para seu lado e com pouco desejo de novas colaborações. Mas terá havido (mais) alguém disposto a alienar parte do património musical do grupo (e da humanidade!), o que os levou a tribunal. Estavam assim bastante unidos em meados de 1969. Tirando partido disso mesmo, McCartney juntou o pessoal outra vez e o disco estava pronto ao fim de 4 dias! O resultado é primoroso e o verdadeiro canto de cisne da banda.

Ora, parece que o rapaz Paul, em 1966, caiu de mota e partiu um dente. Eu, em Londres, parti 2 (dois)! Juro! E não cai de mota!
Nos Estados Unidos (tinha que ser, digo eu) muita gente convenceu outra tanta gente de que o homem tinha morrido e os restantes Beatles tinham arranjado aquilo a que os brasileiros chamam um «sósia». Não estou a brincar. As provas, disseram os autores desta história genial, estavam em todo o lado, era só preciso saber ver, ouvir e interpretar. Nesta capa, por exemplo: Paul, ou qualquer outro gajo muito parecido e igualmente talentoso, tem o cigarro na mão direita, quando na verdade este beatle é canhoto (eu pensava que era para se ver na fotografia); está com o passo trocado relativamente aos outros Beatles (!); está descalço, o que simboliza neste caso a morte, numa cultura qualquer de que não me lembro agora; Lennon, à frente do grupo, veste branco, como um padre (como costuma dizer o meu irmão, nossa!); e finalmente: o Volkswagen “carocha” branco, do nosso lado esquerdo, cuja matrícula comprova: 28if, ou seja, 28 anos de idade teria o rapaz se estivesse vivo! Escusado será dizer que ninguém ligado ao grupo fez o que quer que fosse para desmentir o boato. E as vendas de discos até subiram bastante durante algum tempo.

6 comentários:

Tiago Pereira da Silva disse...

Se por nenhuma outra razão, mais importante, que esta... Definitivamente és meus irmão por também considerares a verdadeira pérola da música anglo-saxónica... Apesar da perturbante revelação chamada George, do talento insuperável de Paul (arrepiante) quando canta pela segunda vez em "Oh Darling!" "I´ll never lettttt you Down"...Ainda assim e depois de reouvir tantas vezes Lennon no "I Want you", quando diz numa brincadeira com a voz: "I want you so badddd ad" é simplesmente maravilhoso.. A letra tão curta e tão preenchida ao mesmo tempo.
É ! Parece que me perdi em adjectivos. Gd Abraço

Tiago Pereira da Silva disse...

Mas tenho, também, para mim que o melhor do disco é o sempre esquecido lado B...

Anónimo disse...

uma vez vi num programa sobre essa "teoria da conspiração"... e fiquei pelnamente convencida que o Paul está morto e que o Elvis está vivo!!!

Anónimo disse...

"pelnamente" - esta foi boa! sou só eu que sofro de "dislexia teclante"?

flávia disse...

esta história repercutiu por muito tempo(pelo menos aqui ao sul do equador). até hoje na verdade. grande golpe de mídia.
mas quem disse que the fab four, the beatles necessitavam de golpe de mídia?
sempre serão os maiores.

Anónimo disse...

Eu estive lá!!!!!!!!!!!!