sábado, 10 de novembro de 2007

Atenção, curvas na estrada

«Vê, vê! Andas distraído, rapaz!»
Assim falava o meu amigo C, quando vínhamos dum copo no Bairro Alto, enquanto a sua cabeça girava quase 180º, como a miúda possessa do filme
O Exorcista, para seguir com os olhos quase a sair das órbitas a figura esbelta e curvilínea com que acabáramos de nos cruzar. Também para este meu amigo há no corpo feminino uma proporção, que talvez seja a tal “proporção áurea” (aproximadamente 1.6180339887) de que já falavam os gregos antigos, entre as elipses das ancas e da cintura, e cujo efeito nos machos costuma ser qualquer coisa entre um sorriso e uma taquicardia. Sempre me fascinou, embora não tenha por hábito girar a cabeça com semelhante amplitude.

«Isso é um exagero, eu não viro a cabeça para olhar para trás», protestou C.
Galileu, ameaçado pela Inquisição, disse a respeito do movimento orbital da Terra o mesmo que eu digo com relação à cabeça do meu amigo:
«E no entanto ela move-se...»


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