quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Rir é o melhor remédio e não é só isso

Os nossos actos, exclusivamente humanos ou não, em todo o caso onde se exprime a nossa especificidade biológica, não poderiam deixar de nos interessar.
Tenho uma amiga que fotografa pessoas a ler. Compreendo o fascínio. Há grandes diferenças, às vezes entre as expressões de uma mesma pessoa, conforme está mais ou menos embrenhada na leitura.
Há também os voyeurs, que adoram ver outros a fornicar.
No meu caso, é com o riso. Adoro ver pessoas a rir. É contagioso. Faz bem. Até pode ser uma dieta: se for em quantidade e intensidade suficiente, provoca contorção abdominal e eliminação de massa adiposa.
Em todo o caso é digno de aturado estudo e mereceu já a atenção de filósofos da categoria de um Bresson, que lhe dedicou belíssimas páginas do seu O Riso: Ensaio sobre a Significação do Cómico, cujas teses discutiremos mais tarde, procurando a necessária humildade; é que isto levanta discussões próprias da filosofia, também no sentido em que não parecem ter solução à vista. Por que é que rimos? Como explicar este intricado processo neurofisiológico também do ponto de vista das suas origens? Quando é que o homem começou a rir e de quê? O que é que provoca o cómico? (Bresson diz que é apenas o humano; não rimos de uma paisagem, do vento, das marés ou de um animal, a não ser quando tocam ou são tocados pelo homem, como no caso das tosquiadelas ridículas que fazem aos poodles). Só o homem ri. Ou não?
E depois há o riso em si, enquanto fenómeno audível e visível pelos outros. Há quem ria envergonhadamente em qualquer circunstância, como se não quisesse ser visto a rir, a divertir-se. Há quem, literalmente, expluda a rir, a ponto de assustar quem esteja distraído nas imediações. Há quem tenha um riso ‘social’, em que talvez opte por não mostrar a dentição, se for muito assimétrica; para depois rir em privado, com o ar a assobiar entre os buracos dos dentes e a babar-se para cima dos outros.
Se pudesse, candidatava-me a um doutoramento sobre o assunto, mas tenho medo que não me levem a sério.

A rapaziada da imagem não perdeu de todo o juízo, antes leva muito a sério o riso, a ponto de ter criado o Dia Internacional do Riso.


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