segunda-feira, 5 de novembro de 2007

A tradição já não é o que era!

Por falar em hipérbole... Gostaria de escrever sobre uma parvoíce qualquer, daquelas a que recorro muitas vezes. Aliás, nada de estranhar para quem me conhece, como parvo que sou.
Recorrendo mais uma vez ao sentido enfático de hipérbole, para dizer que os tempos é que são e estão um exagero. Se não vejamos:
Antigamente, aqui no terraço de casa, os meus irmãos e eu passávamos (algures na pré-adolescência, quando as hormonas ainda não nos mandavam para outro sitio) grandes temporadas a: brincar ao futebol, às escondidas, a fugir do meu irmão André (que nos batia), construir carros de rolamentos, a subir aos telhados dos prédios ao lado, etc. Bons tempos esses, em que o nosso sentido de responsabilidade era inversamente proporcional às idades de todos os inquilinos do prédio somadas.
Isto tudo mais ou menos até à idade de uma hormona chamada testosterona nos dizer: "Eh pá o que é que estão para aí a fazer? Vão comer gajas, meu!"
Atenção! Repararam? Recorri a outra figura de estilo. Desta feita, a personificação.
Que giro este texto.
Bem... mas vamos a exemplos concretos de como os tempos estão mudados.
Este ano de 2007 está a ser um ano riquíssimo em acontecimentos sobrenaturais aqui no prédio. Acordei, no outro dia, com uma barulheira que parecia vir do terraço. Qual não é o meu espanto quando ao dar a volta para ir ao terraço vejo um miúdo cá em baixo e outro ainda pendurado na janela do 2ª andar. Eu, ainda meio taralhoco, esfreguei bem os olhos para ver se estava a ter algum surto de... mas não. Resumindo e baralhando, os miúdos justificaram-se dizendo que as miúdas os tinham trancado no quarto e que por isso a única salvação era começarem a sair todos pela janela. Eu disse:
- "Ah bom. Isso é normal!"
Muito mais sensato, cair no terraço do vizinho, ir dar a volta pelas escadas e pedir, novamente às raparigas (desta feita) para entrar (e não deixar sair) pela porta da rua.
Claro que, como gajo porreiro que sou, deixei a turma toda sair pela janela. É que derivado do facto dos rapazinhos e rapazinhas não terem tido aula de substituição, culpa de algum professor que é um vagabundo e não quer trabalhar, os miúdos ainda se arriscaram a fracturar a tíbia ou o perónio. Eh pá, não pode ser. Malandros dos professores.

Segundo episódio, este, mesmo insólito:
No outro dia, com a minha mãe e eu em casa, um dos jovens moradores do prédio ao lado, cujo terraço também tem acesso ao nosso, tocou-nos à campainha. Quando ouvimos uma voz do outro lado da porta a dizer: "Sou eu o....., esqueci-me da chave". Como é uma situação que acontece com alguma frequência num ano, naturalmente abrimos a porta para deixar o miúdo entrar. Agora o que não esperávamos era abrir a porta ao nosso jovem vizinho e encontra-lo em trajes menores (cuecas), de meias, com as calças e sapatos na mão. Acelerando para o terraço como se nada fosse, com um simples: "Obrigadão Tiago, desculpe lá D. Cidália" e seguiu à sua vida.
É assim mesmo juventude. Foste aliviar uma inquilina qualquer do prédio.
Isto é que é prestar serviços à comunidade.
Nós realmente fomos uma geração rasca, que não se desenrascava, absolutamente - nada. Vamos ver o que ainda nos reserva este próspero ano de 2007. Façam as vossas apostas!

Por: Tiago Pereira da Silva

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