terça-feira, 26 de junho de 2007

Curtas de Verão I (e tão secas que vos farão desidratar)

Saíram de casa com o fogo no rabo. Na verdade não era bem no rabo. Aquelas eram as primeiras férias que passavam sozinhos desde o nascimento dos três primeiros filhos, três gémeos.
Ela relembrou, enquanto apertava o cinto de segurança: «a pensão tem um toldo vermelho. Vi na fotografia do site do turismo da vila.» Entreolharam-se pesando ambos na sensualidade única da cor vermelha. Entreolharam-se entre duas mudanças, ao chegar à rotunda de Entrecampos, a caminho da Portela de Sacavém.
Aquela noite foi de luxúria indescritível. Julgaram ver renascer o seu amor entre os escombros das prestações do carro e da casa.
Mas, de manhã, ela sentiu ciúmes do olhar lascivo que ele dirigiu à recepcionista, o que o deixou furioso por ser verdade. Ficou tão zangado que pediu o dinheiro de volta. Motivos, disse, não faltavam. Toldo vermelho? Qual quê, estava desbotado e era agora de uma cor deprimente, meio alaranjada.

Sem comentários: