
Explicou-nos ele que ‘metáfora’ é uma palavra que significa ‘transporte’, em grego, claro está (são os gregos os pais da retórica, e mesmo hoje, o comum dos mortais não tem senão umas luzes, melhor dizendo, umas sombras, das possibilidades da retórica clássica). Especificamente, é o transporte de uma palavra para fora do seu campo semântico. Atentemos no exemplo clássico dos manuais: «Aquiles era um leão na peleja». A palavra ‘leão’ está deslocada, não é este o seu campo semântico. O lugar do leão é a ressonar à sombra de uma copa frondosa enquanto a leoa sua as estupinhas para alimentar a família. Hoje em dia os leões passam imensas horas no cabeleireiro e um em cada três destes grandes felídeos é um metrosexual.
O meu amigo teria cumprido o seu papel de bom professor se a sua explicação tivesse ficado por aqui. Mas não ficou. Foi brilhante.
Se há assuntos que despertam a atenção, mesmo quando em coma profundo, duma plateia de estudantes com hormonas pululando, esses assuntos são o amor e, em particular, o sexo. Assim, quando nos aconselhou que reparássemos nas metáforas bélicas ou guerreiras presentes na linguagem amorosa, deveras pasmámos: “Conquistar” alguém. “Lutar” por alguém. São metáforas que se tornaram banais, mas, de repente, eis que se iluminam.
Depois, para premio duma assistência em júbilo: «bom, e o que dirão dessas metáforas gastronómicas, sempre tão em voga?» De zero a cinco, demos-lhe quinze.
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