
Parece que vos ouço: “bom, meu jovem, pode dizer-se que já faltou mais…”. “Ó meu amigo e a bem dizer, por mim era já hoje…”. “Jornais, qu’ é q’ vem a ser isso?”
É pá, deixem-me continuar. Imaginem que escrever para esses jornais era, não uma tarefa intelectual exigente (a pressão dos prazos, a procura da originalidade, nós que o digamos, sempre à procura daquele artigo de opinião que nos desperta para determinadas realidades, cheio de potencial cómico), mas algo que as autoridades entregassem ao mais mal pago trabalhador precário, o tipo de trabalho que as empresas de subempreitada deixassem para o mais infeliz imigrante à procura da sobrevivência.
Admitam-no, é bem mais difícil, ou não? “É pá, mas quem é que havia de se lembrar duma cena tão rebuscada?”
Não interessa. Contra sonhos não há argumentos. A verdade é que me imaginei, num futuro não muito distante, sentado num donut de jardim, a ler um desses jornais, com um papel de péssima qualidade, sem resistência nenhuma, rasgando-se à menor brisa, enchendo-me as mãos e a roupa de uma tinta miserável. Leio e reviro os olhos ao passar das atrozes noticias : “Infidelidade maxculina : não se preokupe, nóz temus a sulussão”
[imagem: cortesia à força de http://www.towersystems.com.au/fhn_blog/archives/image.jpg]
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